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Envelhecimento populacional no Brasil traz alerta para cuidados com a saúde mental de idosos

O Brasil está vivenciando um rápido envelhecimento de sua população. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2000 e 2023, o número de idosos no país quase triplicou, passando de 15,2 milhões para 33 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Este crescimento é projetado para continuar, com a previsão de que 38% da população brasileira será composta por idosos até 2070.

Esse fenômeno tem impactos significativos não apenas nas questões sociais e econômicas, mas também na saúde mental dos idosos, que, muitas vezes, não recebem a devida atenção. A aceleração do envelhecimento acende um alerta para a promoção de cuidados psicológicos e a valorização da autonomia da terceira idade. Para especialistas, essa mudança exige uma nova abordagem das políticas públicas de saúde, com ênfase no apoio à saúde mental e no fortalecimento das redes de suporte social.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde mental não apenas como a ausência de transtornos mentais, mas como um estado de bem-estar no qual a pessoa é capaz de lidar com os desafios cotidianos, utilizar seus potenciais e contribuir para a comunidade. No entanto, o envelhecimento acarreta mudanças significativas, tanto no plano físico quanto no psicológico. Para Alfredo Cataldo Neto, pesquisador da PUCRS e coordenador do Grupo de Pesquisa Envelhecimento e Saúde Mental, essas transformações podem levar a sérios impactos na saúde mental dos idosos. “O envelhecimento gera transformações nas esferas pessoal e social, além de sintomas físicos e psíquicos, que podem afetar profundamente a saúde mental”, explica Cataldo.

Segundo a psicóloga Taynara Gonçalves, muitos idosos começam a sentir os efeitos negativos do envelhecimento, como a perda de autonomia. “Entre as questões que mais afetam a saúde mental dos idosos estão as limitações nas atividades do dia a dia, como tomar banho ou fazer compras, o que pode levar a um sentimento de dependência”, afirma Taynara. Além disso, o isolamento social, a diminuição da rede de suporte familiar e a adaptação a novas condições de vida também são fatores que contribuem para o surgimento de transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade.

Um estudo realizado pela PUCRS com idosos de Porto Alegre, por exemplo, revelou que 30% dos participantes apresentavam sintomas de depressão, 9% de ansiedade, 6,5% de alcoolismo e 15% estavam em risco de suicídio. Esses números alarmantes demonstram a necessidade urgente de atenção à saúde mental dos idosos.

No Brasil, apenas 2% dos idosos realizam psicoterapia, segundo a pesquisa Panorama da Saúde Mental, idealizada pelo Instituto Cactus e AtlasIntel. Essa taxa baixa reflete um grande estigma em relação ao cuidado psicológico para a terceira idade. A psicóloga Luiza Oliveira dos Santos destaca que a falta de acompanhamento psíquico pode resultar em sérios problemas, como a depressão, o isolamento social e o declínio cognitivo. “É fundamental que os idosos recebam suporte psicológico para garantir não apenas a sua saúde mental, mas também a manutenção de sua qualidade de vida”, diz Luiza.

Especialistas alertam para a importância de contar com uma rede de apoio que envolva não só a família, mas também profissionais de saúde qualificados. O acompanhamento psicológico pode ajudar os idosos a lidar com questões de adaptação às mudanças da vida, com problemas de relacionamento e com o estresse de novas condições físicas ou cognitivas. Para muitos, esse apoio é essencial para evitar complicações mais graves e promover um envelhecimento saudável.

À medida que o Brasil enfrenta uma crescente população idosa, é imprescindível que as políticas públicas e os cuidados de saúde se adaptem a essa nova realidade, oferecendo suporte psicológico e promovendo a inclusão social dos idosos. A saúde mental da terceira idade deve ser vista como uma prioridade, e os profissionais da área têm um papel crucial em garantir que os idosos possam envelhecer com dignidade, autonomia e qualidade de vida.


Fonte: NSC Total


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