Diante do inescapável e próximo envelhecimento populacional, o modo de pensar e dinamizar os sistemas de saúde foram os temas abordados pela psicóloga da Rede Geronto, Luísa Dias Lemos, durante o pré-evento Imersão na Itália 2025. Coautora do estudo Saúde Mental e Envelhecimento da População: “Desafios e Perspectivas”, Luísa destacou questões sensíveis para um entardecer ativo e saudável.
Segundo ela, o aumento da expectativa de vida acompanha a crescente prevalência de condições de saúde mental, como depressão, ansiedade e demências, com impactos na qualidade de vida e autonomia dessa parcela da sociedade. “Essa é uma questão multifacetada e complexa. Estamos falando de um idoso que tinha um ciclo social ativo, uma casa cheia, um parceiro, filhos em casa e, de repente, ele percebe-se sozinho e angustiado, contribuindo para a incidência de transtornos mentais, como a doença de Alzheimer”, pontuou.
Luísa abordou experiências exitosas desse cuidado, como o projeto “Escuta Sensível”, da Rede Geronto, desenvolvido na Associação dos Idosos da Ceilândia, cidade a 33 quilômetros de Brasília. A iniciativa engloba ações voltadas ao envelhecimento ativo, leveza e sensibilidade, como a importância de exercícios físicos, alimentação saudável e interação social. “Lá, os idosos relatam sentimentos ligados à solidão e mesmo a incapacidades até então desconhecidas, como limitações físicas decorrentes de doenças degenerativas, como artrose. Somos parceiros dessa caminhada”, disse, emocionada.
Ainda segundo Luísa Lemos, o escalonamento do isolamento agrava a depressão, levando o agravamento dos transtornos mentais. A insegurança financeira e a dificuldade de acesso a serviços especializados somam-se a outros fatores, maximizando as condições clínicas e comportamentais.
Na avaliação da psicóloga, o comprometimento do bem-estar social pode ser reduzido com estratégias simples, como as abordadas pelo projeto – rodas de conversas e trocas de experiências. “Percebemos o fortalecimento do ciclo social, mais conexão entre eles, empatia e sentimento de pertencimento. O fortalecimento de redes de apoio, a promoção de atividades intergeracionais e o incentivo à participação, sem dúvida, são eficazes na redução dos impactos psicológicos”, comemora.
A psicóloga Luísa, da Rede Geronto também abordou a necessidade de elaboração de políticas públicas que priorizem a ampliação do atendimento especializado, a capacitação dos profissionais de saúde e a implementação de ações preventivas que atenuem os impactos impostos pelo envelhecimento.