Não raro, o envelhecimento revela cenários impactantes, como aposentadoria, insegurança financeira e perda da autoestima. Sintonizada com as nuances desse processo, a Rede Geronto incentiva a pesquisa e ações voltadas ao envelhecer com propósito. Para tanto, ressalta o olhar cuidadoso nessa fase da vida. Dentre eles, o caminho percorrido por aqueles que viveram uma vida de empreendedor.
Segundo a empreendedora social e professora da Universidade do Envelhecer (Uniser), Isabella Gomes de Oliveira Karnikowski, a continuidade do legado é um dos principais objetivos das empresas familiares. “Sem dúvida, esse aspecto é mais valorizado do que os lucros econômicos, reforçando assim a importância da família sobre o negócio e, não raro, a busca por esse legado perpassa não somente os familiares, mas todos dessa organização. Nesse sentido, os negócios familiares trabalham com a tradição e compartilhamento de rituais, símbolos e narrativas, moldando a identidade organizacional”, afirma.
Ainda segundo Isabela Karnikowski, que foi uma das palestrantes da pré-imersão 2025, que ocorrerá na semana que vem, na região da Emilia-Romanha, na Itália, essa transição intergeracional – onde os idosos permanecem na atuação profissional – deve passar por planejamento e uma cultura organizacional que equilibrem respeito pela tradição e abertura a mudanças. “Tudo isso, em meio ao legado emocional e cultural da família”, reitera.
Na avaliação da empreendedora, o aparente paradoxo entre tradição e inovação mostra a necessidade desse equilíbrio na preservação dos valores herdados, com exigência sempre premente de se reiventar para garantir competitividade. “Assim, essa interagibilidade surge como forma de aumentar a resiliência para manter-se no mercado, garantindo a longevidade das empresas familiares, que por ter laços efetivos fortes, têm mais capacidade de adaptação e de continuidade, em períodos de instabilidade”, afirma.