A forma como envelhecemos está passando por uma transformação significativa. Com o aumento da expectativa de vida e avanços na medicina, a saúde e o bem-estar das pessoas na faixa dos 60 e 70 anos estão muito melhores do que eram há algumas décadas.
Pesquisas recentes apontam que esse processo de desaceleração do envelhecimento tem sido observado em diferentes regiões do mundo. Dois estudos são destaque nesse cenário: um realizado no Reino Unido, com base na população inglesa e conduzido pelo English Longitudinal Study of Aging (Elsa), publicado na revista Nature Aging; e outro focado na população chinesa, conduzido por especialistas da Universidade Nacional de Singapura e divulgado na revista Healthcare Science.
Diferentemente de análises anteriores que avaliavam apenas a presença ou ausência de doenças, esses estudos também consideraram aspectos como capacidades cognitivas, motoras, psicológicas e sensoriais. No entanto, os especialistas ressaltam que os fatores culturais e socioeconômicos podem influenciar significativamente esses resultados, tornando-os não necessariamente aplicáveis a todas as regiões do mundo.
Os dados do estudo britânico indicam avanços expressivos: uma pessoa de 68 anos nascida em 1950 apresenta condições de saúde semelhantes às de um indivíduo de 62 anos nascido uma década antes. Essa tendência se repete em décadas anteriores, mostrando que os nascidos em 1940 envelheceram em melhores condições do que os nascidos em 1930 ou 1920.
“Ficamos surpresos com o quão significativas foram essas melhorias, especialmente ao comparar indivíduos nascidos após a Segunda Guerra Mundial com os de gerações anteriores”, afirma John Beard, autor principal do estudo. No entanto, ele alerta que não há garantias de que essa tendência continuará. “Fatores como o aumento da obesidade podem até mesmo reverter esse cenário, além do fato de que grupos mais privilegiados economicamente podem ter se beneficiado mais do que outros”, pontua.
Na China, onde a população com mais de 65 anos ultrapassou 14% do total em 2021, os resultados seguem uma linha semelhante, ainda que apresentem diferenças específicas entre as faixas etárias. De acordo com Litao Zhao, principal autor do estudo, os adultos de 60 anos de hoje são mais saudáveis do que os da mesma idade duas décadas atrás, reflexo da redução na incidência de doenças crônicas e causas comuns de morte prematura.
Contudo, a situação entre os idosos com mais de 70 anos é mais variada. Apesar da queda na prevalência de doenças como acidente vascular cerebral (AVC) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), houve um aumento de casos de demências, incluindo Alzheimer, destacando desafios que permanecem para o futuro da longevidade.
Se, por um lado, esses estudos confirmam que os 70 anos de hoje são os novos 60, por outro, especialistas alertam para a necessidade de manter políticas de prevenção e qualidade de vida para garantir que essa tendência não se reverta nas próximas décadas.
Fonte: Huffington Post España