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Quem cuidará dos idosos? O desafio de atender à crescente população idosa

Cada geriatra deveria tratar até 700 pacientes, mas a proporção atual de prestadores de serviços para pacientes idosos é de 1 para 10 mil.

Nos últimos 20 anos, a população de idosos com 65 anos ou mais nos Estados Unidos aumentou impressionantes 60%. No entanto, uma triste realidade assombra essa transformação demográfica: a medicina geriátrica está enfrentando um declínio preocupante, com uma diminuição na quantidade de profissionais especializados em cuidar dos idosos. Jerry Gurwitz, um pioneiro no campo, expressa sua apreensão diante dessa situação.

Com 67 anos de idade e chefe de medicina geriátrica na Chan Medical School da Universidade de Massachusetts, Gurwitz foi um dos primeiros médicos credenciados como geriatra nos EUA, uma especialização fundamental para tratar das necessidades específicas dos idosos. Ele afirma que compreendeu desde cedo a importância do “imperativo demográfico” e os desafios que os pacientes mais velhos enfrentam. No entanto, o cenário atual preocupa profundamente o especialista, pois, paradoxalmente, o campo da medicina geriátrica parece estar em declínio.

A despeito do crescimento exponencial da população idosa, Jerry Gurwitz observa que existem atualmente pouco mais de 7.400 geriatras nos EUA, um número significativamente menor do que os 10.270 contabilizados no ano 2000. Essa tendência é alarmante, considerando o aumento constante da demanda por cuidados especializados em geriatria.

Essa preocupação não é novidade, pois já há 15 anos, um relatório das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina alertava para a situação: “A menos que sejam tomadas medidas imediatas, a força de trabalho dos cuidados de saúde não terá capacidade (tanto em tamanho como em habilidade) para atender às necessidades dos pacientes idosos no futuro”, Jerry Gurwitz.

De acordo com a Sociedade Americana de Geriatria, será necessária uma força de trabalho de 30 mil geriatras até 2030 para fornecer cuidados adequados aos idosos frágeis e clinicamente complexos. No entanto, as perspectivas de alcançar esse objetivo são sombrias.

A crise na medicina geriátrica representa um desafio significativo, visto que a qualidade dos cuidados prestados aos idosos é crucial para garantir seu bem-estar e qualidade de vida. Encontrar soluções para reverter esse declínio tornou-se uma prioridade urgente, não apenas para os profissionais de saúde, mas também para a sociedade como um todo, à medida que enfrentamos o envelhecimento crescente da população.

No Brasil, não estamos muito longe dessa realidade, afinal o envelhecimento populacional só cresce aqui também, e a estimativa é que em 2030, o Brasil ocupe a quinta posição do mundo em número de idosos. 

Independentemente da faixa etária, a fragilidade desempenha um papel crucial na maneira como os pacientes idosos reagem a doenças e terapias. Equipes interdisciplinares emergem como a abordagem ideal para atender às complexas necessidades médicas, sociais e emocionais dos idosos.

O desafio reside em reconhecer essa realidade e alocar recursos substanciais para ampliar a abrangência desses programas. No entanto, diante das múltiplas demandas concorrentes no campo da educação e prática médica, não se pode garantir que essa expansão se concretizará. Ainda assim, é a direção na qual a medicina geriátrica, as pesquisas e o sistema de saúde como um todo devem se orientar.

Por Juliana Mucury – Relações Públicas

FONTES: IPESS/ACASA/CNN Brasil e Kaiser Health News (KHN).

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