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Imersão Internacional: Aprendizagem Baseada em Trajetórias e Cuidados com Idosos

O cuidado com os idosos em um mundo que envelhece rapidamente exige um entendimento profundo das trajetórias individuais e coletivas, aliado a práticas inovadoras e culturalmente sensíveis. Como pesquisadora na área de gerontologia, observo que compreender essas trajetórias — os percursos de saúde, sociais e emocionais dos idosos — é essencial para construir políticas e práticas que promovam envelhecimento com qualidade de vida. Nesse contexto, iniciativas como a imersão internacional promovida pela Rede Geronto, com foco na Itália, emergem como uma oportunidade única de aprendizagem transformadora.

A imersão de 2025 na Região da Emília-Romana permite um mergulho em modelos de cuidado reconhecidos globalmente por sua excelência e inovação. Ao visitar instituições como as Universidades de Bolonha e Parma e a Azienda Sanitaria Locale de Modena, os participantes têm acesso direto a sistemas que integram saúde pública, assistência social e práticas comunitárias. Modena, em particular, oferece um exemplo singular, com seu projeto Oficina da Memória, que preserva a autonomia cognitiva de idosos com Alzheimer por meio de atividades realizadas em casas comunitárias.

O diferencial dessa imersão está na aprendizagem baseada em trajetórias. Não se trata apenas de observar práticas bem-sucedidas, mas de compreender o percurso das pessoas idosas dentro desses sistemas: como são acolhidas, tratadas, reabilitadas e reintegradas. Esse entendimento profundo permite que pesquisadores e profissionais identifiquem os pontos fortes e os desafios de cada etapa do cuidado, ampliando sua capacidade de adaptação a diferentes contextos, como o brasileiro.

A integração entre teoria e prática é outro aspecto valioso dessa experiência. A imersão não é apenas uma oportunidade de vivenciar modelos inovadores, mas também de relacioná-los ao arcabouço teórico da gerontologia. A análise crítica dessas práticas possibilita gerar novos conhecimentos e insights que podem ser aplicados em pesquisas, projetos e políticas públicas voltadas para o envelhecimento saudável.

Além disso, a imersão proporciona um aprendizado que transcende o aspecto técnico. O contato direto com a rica cultura italiana, suas tradições e sua gastronomia oferece uma visão mais ampla e humana do envelhecimento. A Itália, com sua abordagem integradora, nos ensina que cuidar de idosos não é apenas uma questão de saúde, mas também de pertencimento, dignidade e valorização do indivíduo em sua comunidade.

Como pesquisadora, considero a publicação de resultados dessa experiência em plataformas como a Revista Diálogos em Gerontologia, também prevista no programa, um passo crucial para a consolidação do aprendizado. A troca de conhecimentos por meio de artigos científicos amplia o alcance das boas práticas observadas, possibilitando que outros profissionais e acadêmicos as conheçam e adaptem.

Essa iniciativa da Rede Geronto também dialoga diretamente com as demandas do Brasil, que vive um momento de reformulação de políticas públicas para o cuidado a pessoas com demências, como a Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências. A imersão oferece uma oportunidade para que os participantes tragam ao Brasil elementos concretos e aplicáveis, enriquecendo as discussões e as ações no campo da gerontologia.

A aprendizagem baseada em trajetórias, promovida por essa imersão, demonstra que compreender os cuidados ao idoso não é apenas uma questão de replicar modelos, mas de internalizar valores e princípios que colocam a pessoa idosa no centro das decisões. Em um mundo globalizado, iniciativas como essa são essenciais para promover um envelhecimento mais digno, humano e inovador, refletindo a complexidade e as possibilidades do cuidado aos idosos em diferentes contextos culturais.

A Rede Geronto, ao liderar essa ação, reafirma sua posição como uma referência na gerontologia, promovendo uma troca global de conhecimentos que beneficia tanto os participantes quanto a sociedade como um todo. Essa imersão é mais do que uma experiência acadêmica: é uma oportunidade de construir pontes entre trajetórias de vida e trajetórias de cuidado, conectando ciência, prática e cultura em prol de um envelhecimento saudável e valorizado.

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