“Você não tem idade para isso!” ou “Está na hora de parar!”. Expressões como essas alimentam a baixa autoestima, geram sentimentos de desamparo e contribuem para o isolamento na velhice. Apesar dos avanços científicos e sociais, um em cada dois idosos no mundo já enfrentou discriminação que impactou sua saúde física e mental. Os dados são de um relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 2021, sobre preconceito etário, parte de uma campanha para combater estereótipos e dar visibilidade ao problema. Mais de 80 mil pessoas, em 57 países, foram entrevistadas. No Brasil, o preconceito surge antes mesmo dos 60 anos – 16,8% relataram ter sofrido discriminação a partir dos 50.
As manifestações do etarismo vão desde a desvalorização das habilidades e a suposição de que pessoas mais velhas são incapazes de aprender até comentários jocosos e exclusão social.
Em 2023, a OMS analisou 422 estudos de 45 países sobre etarismo e constatou que esse preconceito está diretamente ligado à deterioração da saúde mental, contribuindo para o surgimento ou agravamento de depressão e ansiedade. Em 80% dos estudos analisados, percepções negativas sobre o envelhecimento aceleraram a perda cognitiva. Além disso, mesmo sem perceberem a discriminação, apenas a exposição a esses estereótipos reduziu significativamente a capacidade mental e a memória – fenômeno conhecido como ameaça estereotipada. No entanto, idosos que resistiram a esses estereótipos negativos não apresentaram transtornos psiquiátricos.
Atenta às transformações do tempo, a Rede Geronto promove estudos, acompanha os avanços científicos e desmistifica o envelhecimento, com responsabilidade e sinergia entre diferentes gerações. Faça parte desse movimento!
Combata o etarismo
• Não associe envelhecimento a fragilidades, vulnerabilidades ou dependências
• Evite o etarismo “compassivo”, ou seja, discorra sobre uma situação sem paternalismo ou explicação estereotipada
• Não alimente conflitos entre gerações e evite comparações
• Dê espaço e voz aos mais velhos
• Quanto à saúde, não subestime uma queixa de desconforto, como se fosse “normal para a faixa etária”
• Fale abertamente sobre o envelhecimento