O aluno de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic Araras, Theo Augusto Lopes de Moraes Báccaro apresentou, no evento de Imersão Itália 2025 da Rede Geronto, um estudo detalhado sobre a mortalidade por Demência Frontotemporal (DFT) no Estado de São Paulo. A DFT é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta os lobos frontal e temporal do cérebro, impactando significativamente a função cognitiva e o comportamento dos pacientes. Embora menos prevalente que o Alzheimer, a DFT apresenta uma taxa de mortalidade considerável, com expectativa de vida reduzida. No Brasil, a escassez de dados sobre óbitos decorrentes dessa condição motivou um estudo descritivo que analisou a mortalidade por DFT no Estado de São Paulo entre os anos de 2010 e 2023.
A pesquisa utilizou dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM/DATASUS) para analisar óbitos cuja causa básica foi a DFT (CID10 G31.0). O estudo revelou um aumento na mortalidade proporcional da doença, que passou de 2,9% em 2010 para um pico de 10,3% em 2019, seguido por oscilações nos anos seguintes.
A idade média dos óbitos foi de 74 anos, com variação entre 50 e 102 anos. A maioria dos falecidos era do sexo masculino (57,1%) e de raça/cor branca (83,4%). Além disso, 50,3% eram casados e a maior parte possuía escolaridade correspondente ao antigo ginásio (20,6%).
A maioria dos óbitos ocorreu em ambiente hospitalar (60%), com assistência médica (55,4%). No entanto, um aspecto preocupante do estudo foi a ausência de informações detalhadas sobre exames realizados (94,9%) e cirurgias (95,4%), além da não realização de necrópsia em 60,5% dos casos. O médico atestante foi o responsável pela assistência em 41,1% dos casos.
Os dados sugerem que o aumento da mortalidade proporcional pode estar relacionado tanto a uma maior conscientização e diagnóstico da doença quanto a mudanças demográficas e epidemiológicas. No entanto, a qualidade dos registros de óbito ainda apresenta desafios, evidenciando a necessidade de aprimoramento dos sistemas de notificação e diagnóstico da DFT.
Este estudo fornece um panorama inédito sobre a mortalidade por DFT no Brasil e destaca a necessidade de estudos populacionais mais abrangentes para embasar políticas públicas voltadas ao diagnóstico e manejo da doença. A melhora na qualidade dos registros de óbito e o fortalecimento das redes de atenção à saúde são fundamentais para um entendimento mais preciso da epidemiologia da DFT no país.