As bactérias na boca podem sinalizar problemas no cérebro. Estudo capitaneado por pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, alerta que determinadas bactérias podem estar relacionadas a mudanças na função cerebral, principalmente na fase do envelhecimento. O documento apontou que, enquanto algumas bactérias (dos grupos Neisseriae Haemophilus) são associadas à melhor memória, atenção e capacidade de realizar tarefas complexas, outras (do grupo Prevotella) estariam ligadas a maior risco da doença de Alzheimer. Já a incidência da bactéria Porphyromonas indicou problemas de memória.
O estudo, que acompanhou 115 voluntários — com problemas de declínio da função cerebral e pacientes com distúrbios cognitivos leves — ainda está em estágio inicial, mas acendeu um sinal de alerta. Os pesquisadores agora investigam se alimentos ricos em nitrato, por exemplo, têm o condão benéfico à saúde do cérebro ao estimular certas bactérias. Ainda que incipiente, a pesquisa aponta novas prováveis formas de detectar demências por meio de amostras da boca.
Outra pesquisa, publicada recentemente no periódico da Sociedade Americana de Geriatria, também concluiu que a falta de higiene bucal está associada ao aumento no risco de declínio cognitivo e demências. O estudo, que usou cinco bases de dados de pesquisas relevantes publicadas até 2022, aponta que as bactérias da boca podem desempenhar papel relevante na inflamação do cérebro. A chamada periodontite também está ligada a maior risco de diabetes e problemas cardiovasculares.
Uma dessas pesquisas envolveu mais de 34 mil adultos que perderam dentes, graças à má higiene bucal, e demonstrou risco 48% maior de déficit cognitivo e 28% de demência entre os que não cuidaram da boca ou visitaram o dentista regularmente.
Confira, aqui, o estudo:
https://academic.oup.com/pnasnexus/article/4/1/pgae543/7960038?login=false#501891740