Segundo Guida, boa parte da sociedade vê o envelhecimento com um olhar equivocado ao assimilar essa fase da vida como uma situação, na qual, chega-se a uma determinada idade, marcada pela normativa, Medicina ou ideias preconcebidas e, de repente, o indivíduo passa a integrar um grupo, em meio a realidades distintas. “Na realidade, o envelhecimento é um processo natural, que deve ser percebido em sua pluralidade física, mental, econômica, social e cultural”, afirma.
O Diretor do Departamento de Saúde e Desenvolvimento Comunitário reafirmou a preocupação com países da América do Sul, como Argentina, Uruguai e Chile, onde os cenários do envelhecimento são socialmente peculiares. Por lá, os aposentados recebem, a partir do que conseguiram poupar ao longo do período laboral. “É desigual, pois, os recursos para muitas pessoas não são suficientes para viver – aluguel, medicamentos, alimentação. E, assim, começam as restrições. Esse é um processo psíquico, físico, social e cultural que terá dimensões plurais, dependendo dos lugares e possibilidades que as pessoas tenham para mudar estilo de vida ou conservar o melhor das tradições”, pontua.
Guida afirmou ainda ser crítico ao sistema de saúde que não seja transformador. “Enquanto esse sistema e a sociedade impuserem que o indivíduo se expanda, que tenha uma vida saudável, boa alimentação, atividade física, viva num lugar integrado, as possibilidades econômicas estão mais estreitas, pois, o envelhecimento não começa de um dia para outro nem a pessoa muda radicalmente, de repente, algo que não fez nas décadas anteriores”, pontua.
Na avaliação de Carlos Guida, o mundo vive contradições na efetivação de políticas públicas, uma vez que, à medida da expansão do conhecimento, num mundo de transformações sociais e tecnológicas aceleradas, a sociedade ainda classifica valores, virtudes, objetos e histórias como descartáveis, “Quando uma pessoa mais velha tenta contar aos mais novos uma experiência vivida, esses não querem escutar, atribuindo essa vivência a um passado desinteressante e sem possibilidade de ser interpretada na realidade. Isso é grave, pois, nega-se a trajetória de vida do outro. Assim, encontramos nessa juventude, desrespeito, ridicularização e infantilização, acompanhadas de certa impunidade cultural ou social”, lamenta.
Carlos Guida, que coleciona
décadas de atuação em saúde coletiva e ensino, ressalta que a maturidade é um momento de construção social. “Os programas e políticas públicas, muitas vezes, são feitos de acordo com momentos partidários. É preciso que o diálogo intergeracional e as ações sejam permanentes e integrais”, reitera.
Imei Academy
O Instituto Mariano de Estudos e Inovação (IMEI) é pioneiro no Brasil ao oferecer uma faculdade especialmente dedicada ao público com 60 anos ou mais. Com foco na valorização do Saber Sênior, ressalta o conhecimento acumulado ao longo da vida às mais inovadoras práticas educacionais, promovendo o protagonismo na transição demográfica e no processo de envelhecimento ativo.