O coordenador-geral do Curso de Direito, do IMEI Academy, instituição que integra a Rede Geronto, Arnaldo Godoy, foi o convidado do podcast Saber Sênior, que mergulhou na Constituição, Direito e Cultura do Brasil. O bate-papo foi mediado pela Diretora-Geral da Rede Geronto, Suzana Funghetto, e pelo jornalista Sérgio Cursino.
Arnaldo Godoy Godoy foi consultor-geral da União e procurador-geral adjunto da PGFN. Livre-docente pela Universidade de São Paulo (SP) e doutor e mestre pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é professor de Direito, em Brasília.
Para Godoy, são inestimáveis as contribuições e benefícios da educação jurídica na participação social dos 60+. Segundo ele, há cerca de duas décadas, a imagem de alguém com 60 anos era de que o “senhor” esperava a última virada da página da vida. “A nova adjetivação – “gerontolescência” -, quando a pessoa de uma certa idade parece viver a empolgação e alegria da adolescente – ajuda a explicar esse momento atual. É comum às pessoas que estudam com a idade mais avançada serem contaminadas por esses sentimentos positivos”, afirma.
Ainda segundo o professor, na volta aos bancos universitários, há uma espécie de empoderamento e, como resultado, a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática. “Embora seja uma palavra gasta, o empoderamento de temas afetos ao Direito tem, como fruto imediato, uma pessoa mais participante”, reitera”, disse.
Ainda segundo Arnaldo, os 60+ passam, do dia para a noite, a deterem uma série de conhecimento, começando assim, a avaliar os temas da vida com mais objetividade, seja uma trombada de carro, um problema com um parente ou um episódio qualquer da vida”, reafirma.
Ao responder considerações dos mediadores sobre a importância da aprendizagem ao longo da vida e do currículo adaptado para 60+ e importância das questões pertinentes à memória e à aprendizagem, o professor afirmou que a palavra-chave é transformação. “Há um potencial transformador ao se estudar os temas do Direito a partir dos grandes problemas. É uma mudança superlativa. Ao lecionar na graduação, percebi que, nos últimos 15 anos, houve um aumento gradativo de alunos que estavam na segunda graduação ou em um momento de vida, no qual se sentiam mais bem preparados e os compromissos ao longo da vida, como cuidado com os filhos ou profissão, se foram. Essa desconexão positiva traz mais disposição aos estudos”, sinaliza.
Arnaldo Godoy relembrou que as mudanças são bem-vidas, em qualquer fase da vida. “Comecei a estudar piano aos 43 anos e foi transformador, uma epifania, uma revelação. E o estudo, em geral, cria esse momento”, recorda.
Ainda segundo ele, o estudo do Direito tem sinuosidades inerentes. “Temos dois tipos de leis, como as dadas pela natureza, a exemplo da Lei da Gravidade e a própria lei do envelhecimento, e as leis criadas pela cultura, pelo homem. Assim, o Direito não estuda apenas um conjunto de normas para resolver problemas concretos, mas o modo como construiremos nosso modelo cultural”, pontua.
O professor lamentou que o curso de Direito tenha se perdido ao longo dos tempos. “Antes, o curso era uma escola preparatória para a vida e que deu lugar à advocacia pura e simples. Assim, as pessoas que passam a estudar Direito, a partir de uma experiência de vida, viverá a mesma experiência transformadora daquela época, na qual aprenderá de forma exponencial, conceitos da Ciência Política, Relações Internacionais, Administração, Contratos, dentre outros. É uma vivência para a vida”, afirma, emocionado.
Confira o podcast, aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=UMCr_4-X1to
Por: Mércia Maciel