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UniSER – Envelhecer com propósito

Mais um podcast no ar! O Saber Sênior Trajetórias, produção da Rede Geronto, em parceria com o IMEI, recebeu a pesquisadora, professora da Universidade de Brasília (UnB) e conselheira, Margot Karnikowski, referência nacional em Gerontologia. Ela é coordenadora do programa de Extensão UniSER, programa da Universidade de Brasília, que já atendeu mais de 1.500 idosos do Distrito Federal e de outros estados.

Capitaneado pelo jornalista Sérgio Cursino e pela Diretora da Rede Geronto e do Imei Academy, Suzana Funghetto, o bate-papo sobre Educação e Políticas Públicas para Maiores de 60 anos mergulhou na iniciativa de sucesso que fomenta ações educativas e integrativas voltadas à ampliação de capacidade e habilidades na vida adulta e dos idosos da comunidade.

O programa educativo de extensão e pesquisa, nasceu da parceria entre a UnB e Universidade Federal do Tocantins, em 2015. Ao conhecer a experiência de lá, em visita com o pai, Margo Karnikowski encantou-se pelo trabalho e depoimentos dos idosos e como eles tiveram as vidas transformadas pelo ensino. “Tinha uma senhora, com quase 100 anos, que tocava tambor e era de uma cidade próxima, Palmas. Meu pai ficou extasiado com tudo o que viu e, de durante todo o trajeto de volta a Brasília, insistiu para que eu trouxesse essa ideia para a Capital. Então, nasceu a UniSer e ele é o patrono, pois, foi graças à sensibilidade dele que estamos aqui”, recorda-se, emocionada.

Para a pesquisadora, a educação é o motor da plena cidadania. “A educação é um tesouro a descobrir e eu diria que a velhice também. As nossas gerações lembram que pessoas com 45 anos eram consideradas idosas no nosso país e, hoje, vão viver 100 anos. Elas estão no mercado de trabalho, com 65, 70 anos, fazendo tudo o que lhes apraz, tendo uma vida absolutamente normal no sentido de desenvolver essas suas potencialidades”, afirmou.

Quanto a políticas públicas, a professora afirmou que o Brasil avançou, no entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Ela citou os marcos regulatórios, a Política Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa e o Estatuto do Idoso como conquistas ímpares, mas ressaltou a importância de pensar a política pública fora do papel. “As iniciativas serão reais, se forem implementadas e se a sociedade souber do seu papel, que é de construção, com o Estado. Senão, as políticas públicas ficarão adormecidas e não resolverão as principais questões. O protagonismo do idoso ainda precisa ser muito trabalhado”, salientou.

Ainda segundo Margo, o Brasil é um país que nega a própria velhice. “Nós vamos ao Parlamento e vimos várias pessoas idosas lá, com cabelos grisalhos, e quando vão se reportar ao público idoso, falam como se ele não fizesse parte daquela população. As pessoas não querem se enxergar a parcela idosa. É uma dicotomia, porque elas querem viver muito e ter um espírito jovem, mas não querem envelhecer. Não, você é um idoso de espírito idoso, com várias vantagens e isso é maravilhoso”, afirma.

Retrocesso

Ainda segundo Margo Karnikowsk, na última década, o país viveu retrocessos nos espaços criados para que os 60+ tivesse voz, como os Conselhos. “Essas vozes foram caladas e, agora, os conselhos estão sendo reativados. No entanto, isso gera um incômodo grande, porque não é na égide do Estado que o Conselho tem que ficar. Ele deve ser independente, deliberativo das diferentes entidades civis e voz conjunta do Estado. É lugar para discutir o envelhecer. E como isso vai ser debatidos sem a presença de quem está experienciando a velhice? Não tem como, porque as pessoas imaginam que sabem o que é ser velho, mas na verdade, não sabem”, ponderou.

Karnikowsk lembra que, muitas vezes, os idosos chegam à UniSer sem voz, como se o tempo de viver já tivesse passado. “Eles não conseguem falar porque se sentem restringidos pela sociedade, pela família, pela mídia que dizem que você não pode se meter na vida dos filhos, opinar e apenas perguntar. Na velhice, infelizmente, pelo país, é preciso até pedir permissão para falar, pensar, agir. E isso é uma forma bruta e velada de preconceito. É preciso entender que ao envelhecer, a pessoa não saí do cenário ”, reitera.

Confira o podcast, aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=hP45TvG-wHE&list=PLM4PTMfSX5RkMRemKQqewvFgHxeUQ9b9v&index=1

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