Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) alerta para aumento alarmante de casos e reforça importância do “Junho Violeta” como ferramenta de conscientização nacional.
A violência contra pessoas idosas no Brasil registrou um crescimento alarmante em 2025. Segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), somente entre janeiro e abril deste ano foram registradas 65.488 denúncias de violações de direitos humanos contra idosos — um aumento de 38% em relação ao mesmo período de 2023.
Os dados, extraídos da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, mostram que os principais tipos de violência praticados continuam sendo a psicológica e a patrimonial. Entre os agressores mais comuns, estão familiares próximos como filhos e netos, o que revela a gravidade da violência doméstica contra a população idosa.
“Estamos diante de uma crise silenciosa. A violência contra idosos, muitas vezes velada, cresce de forma preocupante, e é dentro de casa que ela mais ocorre”, afirma a geriatra Naira Lemos, presidente do Departamento de Gerontologia da SBGG.
De acordo com especialistas da entidade, a violência contra pessoas idosas está diretamente ligada a uma combinação de fatores: falta de preparo para o cuidado, sobrecarregamento emocional de cuidadores, escassez de recursos públicos e privados, além da desinformação sobre os direitos da pessoa idosa.
Com o objetivo de enfrentar essa realidade, a SBGG reforça a importância do “Junho Violeta”, mês de conscientização nacional sobre a violência contra a pessoa idosa. O marco principal da campanha é o dia 15 de junho, instituído pela ONU como o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.
A entidade tem promovido ações educativas, palestras e debates em todo o país, com foco na valorização da pessoa idosa, no respeito intergeracional e na divulgação de canais de denúncia, como o Disque 100, que funciona 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana e feriados.
A SBGG defende que o enfrentamento da violência contra idosos precisa ir além de campanhas pontuais. Entre as recomendações da entidade estão:
- Fortalecimento da rede de proteção social, com mais recursos para assistência e saúde da pessoa idosa;
- Capacitação contínua de profissionais que atuam com o envelhecimento, especialmente nas áreas da saúde, assistência social e segurança pública;
- Criação de ambientes seguros e escuta ativa nas instituições públicas e privadas;
- Estímulo à denúncia, rompendo o ciclo de silêncio e impunidade.
Para a SBGG, o momento é de ação. “Cada denúncia é um passo na direção da justiça e da dignidade. E cada silêncio é um risco a mais para quem já vive com tantas vulnerabilidades. Precisamos de políticas públicas efetivas e de envolvimento da sociedade como um todo”, conclui a Dra. Naira Lemos.
Fonte: Redação Tribuna do Norte