No segundo dia do II Congresso Internacional de Tecnologia e Inovação em Gerontologia (CITIG) e III Seminário Internacional de Inovação e Longevidade, que ocorre, em São Paulo, Diretor médico da Azienda Sanitaria di Asti (Autoridade de Saúde de Asti) na região do Piemonte, ex-diretor de geriatria e da Rede de Demência na região da Emília-Romanha, na Itália, dr. Andrea Fabbo, mergulhou em políticas públicas voltadas ao envelhecimento.
Diante de olhares atentos, Fabbo discorreu sobre saúde mental e processos da mente no envelhecimento. Com extensa experiência em políticas públicas nessa fase da vida, prevenção de demências e cuidados integrados, ele apontou modelos que aliam diagnósticos, atendimento multidisciplinar e suporte contínuo às famílias.
Segundo Andre Fabbo, a população mundial está envelhecendo a passos largos e é uma realidade inegável, que precisa ser acompanhada. “O número de pessoas com mais de 65 duplicará até 2050, na Europa e no Brasil, e inciativas públicas são urgentes para acompanhar essas mudanças”. Fabbo afirmou que, na Itália, a solidão dos idosos é preocupante, somando-se a outras condições, como práticas discriminatórias. “Hoje, temos mais de um milhões de idosos que vivem sozinhos e esse número deverá chegar, em 2050, a 6,5 milhões de pessoas em isolamento, sem amparo da família. O isolamento não é apenas um problema sanitário, mas também social, que aumenta o risco de morte tanto quanto fumar diariamente”, afirmou. O geriatra citou ainda a discriminação e o preconceito contra os 60+ como uma chaga, principalmente, no mercado de trabalho, em toda a Itália. “O estigma alimenta o etarismo e agrava ainda mais a solidão, impactando na saúde mental”, lamentou.
Ele ressaltou ainda as cinco etapas eleitas como primordiais para atingir a longevidade e a cidadania. “Vivemos uma sociedade de transição, na qual pedimos longevidade. São desafios que abordam desenvolvimento, sono justo, alimentação saudável, liberdade física e unidade. Estudos mostram que a expectativa de vida depende 36% de nosso comportamento individual o modo como vivemos (alimentação, atividade física, saúde mental, por exemplo). Outros fatores, como circunstâncias sociais (24%); genética (22%); cura médica (11%) e ambiente físico (7%) evidenciam a importância das escolhas individuais.
Ainda de acordo com Andrea Fabbo, as pessoas com entendimento protegem suas funções cognitvas, retardando os efeitos do envelhecimento natural do corpo. Ele citou pesquisa que aponta para a importância do sono. “Há um impacto significativo para a longevidade. O estudo mostra que a sobrevivência aumenta em cinco anos, para os homens, e dois anos para as mulheres que têm o sono de qualidade. Já a alimentação saudável foi apontada como um problema social, que contribui para doenças como demência. “É uma grande injustiça aos mais pobres, por não terem acesso a uma boa alimentação e são empurradas a alimentos-lixo, como fast-food, que levam a graves doenças”, lamenta.
O geriatra citou ainda outro estudo sobre a atividade física. “Para se exercitar, o idoso precisa ter tempo e espaços públicos seguros para que possam também se sociabilizar. As fragilidades cognitivas precisam ser identificadas logo para que o cuidado centrado na pessoa seja eficaz. Todo esse cuidado centrado na pessoa retardará as demências e alterações emocionais”, resume.