O envelhecimento não é mais um tema restrito a estatísticas demográficas: é a realidade cotidiana de milhões de brasileiros. Hoje, mais de 22 milhões de pessoas têm 65 anos ou mais no país, e esse número cresce em ritmo acelerado. A questão que se impõe é clara: como garantir que essa etapa da vida seja vivida com saúde, autonomia e dignidade?
A resposta não virá de um único setor. Ela exige a convergência de ciência, políticas públicas, educação e inovação tecnológica. E foi exatamente esse o horizonte apresentado pelas professoras Silvana Schwerz Funghetto e Marina Morato Stival, da Universidade de Brasília, que compartilharam seis estudos no II Congresso Internacional de Tecnologia e Inovação em Gerontologia (CITIG II) e no III Seminário Internacional de Inovação e Longevidade, em São Paulo.
Tecnologia a serviço do cuidado
Os trabalhos revelam como a tecnologia pode ser transformada em aliada concreta do envelhecimento saudável. O aplicativo Ativa Mente, por exemplo, promove estimulação cognitiva e autocuidado em idosos com doenças crônicas, enquanto o Mais Equilíbrio, inspirado no protocolo Otago, oferece exercícios guiados por avatares digitais para prevenção de quedas — uma das principais causas de perda de autonomia na velhice.
Essas inovações mostram que inclusão digital também é INSERÇÃO social, UMA VeZ QUE, ao oferecer recursos acessíveis, a tecnologia amplia a autonomia e fortalece a cidadania da pessoa idosa.
Educação e saúde de mãos dadas
Outra frente de destaque foi o GerontoCare, jogo de tabuleiro criado para apoiar a formação em enfermagem na área da saúde do idoso. A proposta não é apenas ensinar conteúdos, mas transformar a experiência de aprendizado em algo ativo, reflexivo e humanizado. Afinal, formar profissionais preparados para cuidar é condição essencial para um futuro mais justo e respeitoso com quem envelhece.
Ciência como alerta e prevenção
Além da inovação tecnológica, as pesquisas trouxeram dados que funcionam como um alerta: mais da metade das mulheres idosas atendidas em unidades básicas de saúde apresentaram osteopenia, e 16% já tinham osteoporose; estudos sobre o perfil lipídico de idosos com hipertensão e diabetes revelaram alta prevalência de dislipidemias associadas à obesidade abdominal. Os números reforçam a urgência de ampliar o rastreamento, a prevenção e o acompanhamento contínuo na atenção básica.
O futuro do envelhecimento começa agora
A mensagem central é clara: envelhecer com dignidade é possível, mas depende de escolhas feitas hoje. Investir em ciência, fomentar a inovação tecnológica, capacitar profissionais de saúde e formular políticas públicas que priorizem os idosos são caminhos inadiáveis.
Como resume Silvana Schwerz Funghetto:
“Estamos construindo pontes entre conhecimento e cuidado. Essas pontes precisam ser percorridas agora, com coragem, compromisso e sensibilidade”.
Envelhecer é inevitável. Mas envelhecer com qualidade é uma conquista coletiva.

Envelhecer com dignidade: quando ciência, cuidado e tecnologia caminham juntas
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