A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, da Câmara dos Deputados, realizou audiência pública para debater a promoção da qualidade de vida dos idosos nos próximos 45 anos, quando, segundo projeções do IBGE, 37,8% da população brasileira será composta por 60+.
Uma das convidadas para o debate, a Consultora Nacional Para o Envelhecimento, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Maria Cristina Hoffmann, destacou a importância de estratégias eficazes na construção de um país grisalho e longevo. “Isso é pensar o envelhecimento de todos nós, enquanto um processo que faz parte do curso da vida e é afetado por diferentes dimensões e determinantes sociais que implicam nesse processo único e, assim, chegarmos a estratégias de longo prazo”, afirmou.
Segundo Maria Cristina Hoffmann, urge acompanhar as mudanças demográficas, epidemiológicas, sociais, ambientais e tecnológicas para o alcance de uma estrutura de atenção e de cuidado, tornando a sociedade cada vez mais acolhedora e preparada para responder às necessidades de população que envelhece. “O processo de envelhecimento deve ser pensado em diferentes fatores, em especial, quanto ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde, pois, a grande maioria da população é SUS-dependente. Dessa forma, é preciso que o sistema seja forte, integrado a outras políticas, como educação e direitos humanos, para que os direitos dos 60+ sejam efetivos e plenos”, destacou.
A consulta da OMS/OPA ressaltou também a importância de políticas públicas terem como eixo a atenção primária à população. “Pensar como manter um envelhecimento saudável nos próximos 45 anos é lutar pela integração de nossa saúde física, mental, o ambiente em que vivemos, com acolhimento e cuidado centrado na pessoa. Com o envelhecimento, vem as transições epidemiológicas e mudanças que afetam a saúde e as condições crônicas e, portanto, não podemos pensar apenas em resoluções de doenças, mas que vejam os idosos como indivíduos integrais, nos diferentes campos e dimensões, em particular, na educação ao longo da vida”, reitera.
Ao finalizar, Maria Cristina Hoffmann ressaltou o papel da família e a importância de acompanhar as mudanças climáticas, que impactam significativamente os 60+. “Em tempos de COP30, os idosos devem ser incluídos nesse debate, uma vez que as políticas devem garantir um meio ambiente seguro e condições de saúde para que enfrentem as altas temperaturas e eventos climáticos extremos, como seca e enchente, a exemplo do que ocorreu no sul do país. Ainda devemos atentar às mudanças tecnológicas, sem esquecer a solidariedade social”, afirmou.