A Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados criou a Subcomissão Especial, que avaliará os impactos dos entraves burocráticos sobre a atividade de pesquisa científica no Brasil. Ainda será definida data para eleição do presidente e do vice-presidente do colegiado. Segundo o autor da iniciativa de criação da subcomissão, deputado Vitor Lippi (PSDB/SP), a ciência brasileira encara graves desafios estruturais e encontra na burocracia um dos principais obstáculos à produção do conhecimento.
De acordo com o parlamentar, a falta de financiamento para pesquisa, os cortes orçamentários, a baixa remuneração e a tímida valorização da produção científica comprometem a qualidade e o avanço da área no país. O tempo de produção do conhecimento também é uma preocupação do parlamentar, que ressalta estudos e relatos de pesquisadores, cuja dedicação a procedimentos administrativos chega a um terço do tempo que dispõem, em detrimento da pesquisa propriamente dita.
Segundo relatório da editora científica Elsevier e da Agência Bori, a produção científica no Brasil caiu 7,2%, em comparação a 2022, quando foi registrada a primeira queda desde 1996. O levantamento sondou 53 países, dos quais 35 responderam com redução produtiva. O Brasil seguia uma tendência de crescimento até 2021, um ano depois do início da pandemia de Covid-19, cenário atribuído pela própria Agência Bori para o baixo número de artigos científicos publicados por pesquisadores brasileiros, em renomadas revistas científicas internacionais. Apesar do cenário, as universidades nacionais continuaram a figurar entre as mais produtivas do mundo e a qualidade dos trabalhos submetidos são bem avaliados.
A Educadora especial, mestre em educação, doutora em ciências e tecnologias da saúde e diretora da Rede Geronto, Suzana Funghetto, ressaltou o empenho parlamentar na identificação dos gargalos da produção científica no país. Segundo ela, a ausência de qualidade na educação formal, principalmente, em Ciências, deixa de fora boa parte da juventude e dificulta a formação de futuros pesquisadores. “Muitos pensam que há desinteresse dos jovens, argumento que não se sustenta, uma vez que eles são vocacionados à inovação e descobertas que seguem até a envelhecência. A produção científica brasileira tem ganhado visibilidade e reconhecimento internacional e estamos felizes por fazer parte dessa conquista, graças à nossa parceria com as academias brasileira, italiana, chilena e tantas outras, nessa congregação de esforço global de compromisso com o envelhecimento ativo e saudável”, comemorou.
Gargalos brasileiros:
• Baixa atratividade das bolsas e salários acadêmicos
• Investimento insuficiente em infraestrutura, como espaços físicos destinados ao desenvolvimento dos estudos e pesquisas
• Absorção tímida dos pesquisadores
• Ausência de recuperação de parques científico-tecnológicos
• Direitos trabalhistas defasados (a contagem para aposentadoria exclui o tempo de bolsa de mestrado, doutorado e pós-doutorado)