As ondas de calor registradas em 2024 e 2025 no Brasil e no mundo expõem uma realidade já reconhecida por organismos internacionais. As pessoas idosas são o grupo mais vulnerável aos impactos da elevação extrema das temperaturas. O aumento de dias com sensação térmica acima de 40°C, a intensificação do fenômeno El Niño e os eventos climáticos extremos amplamente discutidos na COP30 reforçam a urgência de políticas de proteção e adaptação que considerem a longevidade como eixo estratégico.
As ondas de calor extremas têm impacto desproporcional sobre pessoas idosas, que enfrentam maior risco de desidratação, agravamento de doenças e perda de autonomia em um cenário de aquecimento acelerado.
Estudos recentes da Organização Mundial da Saúde apontam que o calor intenso afeta diretamente a regulação térmica do corpo, que se torna menos eficiente com o avanço da idade. Isso aumenta o risco de desidratação, exaustão e agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias. Além dos fatores fisiológicos, condições sociais como isolamento, moradias inadequadas e renda limitada ampliam ainda mais a vulnerabilidade da população idosa em períodos de calor extremo.
O debate ganhou força na COP30 porque os eventos de calor severo vêm causando aumento no número de internações e mortes relacionadas ao clima. Relatórios do IPCC mostram que, até 2050, regiões tropicais poderão registrar picos de calor incompatíveis com atividades ao ar livre em determinados horários, afetando diretamente a qualidade de vida, a autonomia e a segurança das pessoas mais velhas. No Brasil, o impacto tende a ser maior em periferias urbanas e centros urbanos sem infraestrutura verde adequada.
O tema também dialoga com a proposta defendida pela Rede Geronto na carta enviada à COP30. A rede defende integrar o envelhecimento e o chamado Saber Sênior às estratégias mundiais de adaptação climática. Ao reconhecer que idosos enfrentam riscos ampliados, mas também carregam conhecimentos essenciais sobre cuidado, comunidade e resiliência, o debate sobre calor extremo deixa de ser apenas ambiental e passa a ser também social e geracional.
Proteger pessoas idosas das ondas de calor exige medidas integradas. Entre elas, ampliação da arborização urbana, criação de espaços públicos climatizados, protocolos de cuidado comunitário, campanhas educativas e fortalecimento da atenção primária em saúde. Em um país que terá 50 milhões de pessoas com 60 anos ou mais até 2030, compreender o impacto das altas temperaturas é crucial para garantir dignidade, saúde e segurança para todas as gerações em um planeta em aquecimento acelerado.
