Fale com a gente pelo Whatsapp Whatsapp

Nível de ocupação de idosos atinge o maior índice da série histórica no Brasil

A participação de pessoas com 60 anos ou mais no mercado de trabalho brasileiro atingiu, em 2024, o maior nível já registrado pelo IBGE. Dados recentes da PNAD Contínua mostram que 8,3 milhões de idosos estavam ocupados no país, o equivalente a 24,4% dessa população. Isso significa que, atualmente, um em cada quatro idosos permanece ativo profissionalmente, seja em atividades formais ou informais.

O aumento acompanha o avanço expressivo do envelhecimento populacional. Nos últimos 12 anos, a população idosa cresceu 53,3%, passando de aproximadamente 22 milhões em 2012 para 34,1 milhões em 2024. Esse crescimento, combinado às mudanças econômicas e previdenciárias, tem ampliado o número de pessoas que continuam trabalhando após os 60 anos.

A trajetória da ocupação entre idosos mostra uma tendência de alta contínua desde 2020, quando o país ainda sentia os impactos da pandemia na atividade econômica. De lá para cá, a taxa de idosos ocupados subiu ano após ano, atingindo em 2024 o patamar mais alto da série histórica da pesquisa. Além da expansão da participação, também houve mudanças no perfil de inserção: uma parte expressiva dos idosos trabalha por conta própria ou em atividades informais, o que evidencia tanto a busca por autonomia quanto a necessidade de complemento de renda diante da insuficiência dos rendimentos previdenciários.

Segundo analistas ouvidos pelas agências de notícias, a permanência no mercado de trabalho pode ser explicada por diferentes fatores. As mudanças nas regras de aposentadoria após a reforma previdenciária de 2019 tornaram mais longos os períodos de contribuição, enquanto o aumento da expectativa de vida possibilitou carreiras mais extensas. Ao mesmo tempo, a pressão econômica sobre famílias e indivíduos tem levado muitos idosos a manterem atividades remuneradas, seja para garantir o próprio sustento, seja para apoiar financeiramente filhos e netos.

A combinação desses elementos revela um país que envelhece rapidamente, mas ainda não oferece condições robustas de proteção e segurança financeira para essa população. A informalidade predominante entre trabalhadores idosos expõe parte deles a jornadas mais longas, menor acesso a direitos e maior vulnerabilidade social. Especialistas apontam que o cenário reforça a necessidade de políticas públicas voltadas ao trabalho digno na velhice, com incentivo à inclusão produtiva, ambientes laborais mais acessíveis e estratégias de apoio à renda para quem já não consegue permanecer ativo.

O recorde de ocupação entre idosos, portanto, sintetiza dois movimentos simultâneos: a vitalidade crescente da população mais velha e a insuficiência das garantias econômicas disponíveis para ela. Em meio ao envelhecimento acelerado, o debate sobre trabalho, previdência e longevidade se torna cada vez mais central para o futuro do país.

Por Juliana Mucury

Fontes: IBGE – Agência de Notícias: dados da PNAD Contínua sobre população idosa e mercado de trabalho (2024); Agência Brasil – Empresa Brasil de Comunicação: reportagem com análise de especialistas e atualização do índice de ocupação entre idosos (2024); Jornal do Brasil – Economia: matéria sobre recorde de trabalhadores idosos e evolução anual da taxa de ocupação (2024).

Ir para o conteúdo