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Cultura de Fã: a nova forma de engajar pela emoção e pelo pertencimento

Ser fã não tem idade. É o que garante o convidado especial do podcast da 2 em 1 Educacional, conduzido pelo jornalista Alexandre Lemos, e que recebeu o criador do método “Cultura do Fã”, Thiago Silva. A metodologia é voltada à transformação dos clientes e colaboradores em fãs de uma marca, por meio de conexões emocionais. Formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, com atuação há mais de 20 anos na área de inovação estratégica e antenado na importância da transformação cultural e posicionamento de marca, ele conduziu projetos importantes em empresas como Bombril, Natura e Motorola.

Segundo Thiago Silva, a Cultura do Fã encontra-se em verdadeira sintonia com o envelhecer, uma vez que o Brasil passa por um momento de grande transformação geracional. “Em 2025, pela primeira vez, a população com mais de 50 anos está superando a com menos de 50 anos. Isso gera oportunidades e quem estiver atento poderá viver transformações, por meio desse olhar, porque como fã de algo, ele não tem idade. Então podemos trabalhar de uma forma muito bacana com as diferentes idades, com aquele objeto no qual a pessoa é fã, seja nos negócios, modelos de aprendizagem, por meio da conexão de diferentes gerações que têm como objeto uma paixão comum”, afirma.

Thiago Silva discorreu sobre a cultura de fã e a política. Se vai longe aquela imagem de comícios, embalados por cantores de sucesso ou mesmo regionais, nos quais os políticos eram protagonistas amados, agora, a “vibe” é outra. Em tempos de redes sociais e tecnologia, a cultura de fã tradicional ganhou nova roupagem, construída por meio de histórias que geram identificação e senso de pertencimento, alimentado a mobilização político-cidadã no mundo virtual. Ao ser questionado sobre a motivação de os idosos não mais integrarem fã-clube de políticos como antigamente, Thiago Silva afirma que é preciso uma mudança de estratégia, principalmente, de comunicação. “Para o idoso voltar a ser fã, precisará se conectar emocionalmente. Hoje, devido à agilidade das plataformas digitais é difícil esconder determinadas coisas por muito tempo. Então, aquela política sem uma memória efetiva, sem uma transmissão de valores, sem gerar uma experiência que vai se acumulando no tempo, perdeu-se. Atualmente, boas experiências existem apenas no discurso, que logo é desmascarado. Assim, para que esse idoso volte a ser fã de política, os políticos precisam entender a necessidade de usar as plataformas de uma forma diferente”.

Para ele, os 60+ não estão inseridos adequadamente nas redes sociais, como TikTok, a exemplo dos jovens. Segundo o criador da Cultura do Fã, os idosos são mais arraigados a valores do que a juventude, que ainda está em processo de descobertas. “Eles têm crenças inegociáveis e as plataformas precisam acolher esse segmento, que já foi muito conectado com a política. Meu avô foi vereador e lembro-me de como ele falava de política e de como aquilo dava conexão e orgulho. Mas, hoje, há muitos políticos que estão enveredando pelas plataformas digitais – e tem mesmo que usar -, porém, se esquecem dessa audiência que não é sensibilizada e atuante nessas plataformas, o que acaba ocasionando um distanciamento maior ainda”, lamenta.

Para Thiago Silva, é preciso trazer essa audiência às plataformas, com um novo significado para restabelecer essa conexão, com um viés diferencial e competitivo. Para ele, o engajamento também passa pelos números, uma vez que os idosos acima de 60 anos, em pouco tempo, serão maioria.

Polarização

Ainda de acordo com Silva, num piscar de olhos, a polarização do “nós contra eles” transforma o debate mais emocional e não, factual. Nesse sentido, os sentimentos afloram com mais vigor, dificultando a mudança de opinião. Na avaliação do engenheiro, a cultura de fã permite ainda a socialização entre as gerações, com uma rica troca de experiencias e de perspectivas, diminuindo as tensões. “Para sensibilizar o avô, por exemplo, uma estratégia pode ser via o neto, que hoje está no mundo virtual”, pondera.

O letramento digital também foi apontado pela ausência intergeracionalidade. “Muitas vezes, o idoso está cansado ou mesmo indisposto para desvendar as novidades tecnológicas e é urgente entender que as plataformas devem dispor o que há de melhor para todos. Então, trabalhar as gerações é o caminho certeiro para o resgate dessa conexão emocional entre as faixas etárias, a política e o cotidiano. A cultura do fã socializa, conectando as diferentes e ricas histórias do passado e do presente”, assegura.

Thiago Silva cita a importância dos gestores públicos em fomentar essa intergeracionalidade, a exemplo da criação de espaços onde as gerações se encontrem. “Por exemplo, no ano que vem tem Copa do Mundo e o prefeito poderia criar espaços públicos, com transmissões ao vivo, onde para entrar, o jovem precisaria levar o avô. O objetivo não é apenas assistir ao jogo, mas cruzar gerações e contar histórias. Imagine quanta narrativas de Pelé e Garrincha poderão ser compartilhadas por meio dessa paixão nacional, dando espaço ao protagonismo do idoso?”, afirma, animado. Ele também citou iniciativas, como despertar no idoso e nos jovens o desejo de viajar juntos, vivendo encontros geracionais inesquecíveis.


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