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O número de idosos que concorreram ao Enem em 2023 praticamente dobrou.

Com quase quatro milhões de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, um ponto-chave desperta atenção: cerca de 10 mil candidatos têm mais de 60 anos, quase o dobro do registrado há dois anos. Esses números, embora modestos em escala absoluta, apontam para uma tendência recém-confirmada pelo Censo 2022.

De acordo com os dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o contingente de idosos no Brasil, com 60 anos ou mais, alcança 32.113.490 habitantes, representando 15,6% da população. Isso marca um aumento de 56% em relação a 2010, quando a população idosa era de 20.590.597, equivalente a 10,8%.

Esses números, alinhados aos dados do Enem, realçam a necessidade de repensar a integração dos mais velhos no tecido social, seja no trabalho, na família ou no lazer.

Especialistas destacam um dado crucial do Censo: metade da população brasileira tem mais de 35 anos. A proporção entre crianças e idosos mudou consideravelmente, passando de 30,7 idosos com mais de 65 anos para cada 100 crianças menores de 14 anos há doze anos, para 55,2 atualmente. Considerando as pessoas acima de 60 anos, o índice chega a 80%. Esses números revelam uma transformação na pirâmide etária do país.

Kelly Pereira, doutora em gerontologia e reitora da Uniceplac em Curitiba, destaca que a crescente presença de idosos nas instituições de ensino demanda uma adaptação por parte das mesmas, considerando o perfil e as aspirações desse grupo em contraste com os jovens tradicionais.

Essa diversidade, segundo Pereira, pode ser um trunfo no processo de aprendizagem. As vivências e experiências de vida dos alunos mais velhos devem ser exploradas como uma via de enriquecimento mútuo. “Essas pessoas trazem histórias de vida, passaram por um processo de amadurecimento diferente dos alunos recém-saídos do ensino médio. Em sala de aula, elas têm a oportunidade de partilhar exemplos que contribuem para o aprendizado dos mais jovens”, reflete.

A presença crescente dos 60+ nas universidades implica desafios na formulação de políticas públicas e na gestão educacional. Um dos desafios é a incorporação efetiva das novas tecnologias, mais familiares à nova geração do que aos representantes de gerações passadas.

A história de Aldenora da Conceição Neves (foto), 72 anos, é um testemunho vivo de que nunca é tarde para perseguir sonhos. Ela, uma costureira, enfrentou desafios para retornar à sala de aula em 2005, buscando concluir o Ensino Médio. Agora, pela terceira vez, ela busca uma vaga no Ensino Superior através do Enem. Seu conselho é simples: nunca é tarde para aprender. Essa determinação, somada ao apoio da família, mostra o potencial da educação como um caminho contínuo ao longo da vida, independentemente da idade.

Por Juliana Mucury.

Fonte: CN – Cidades na Net/ Ceará Agora e Jornal CB.

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