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O cuidado interdisciplinar e integral do paciente com Parkinson: uma revisão narrativa

  • Iara Bastos Gonçalves –  CEUB – Departamento de Fisioterapia
  • Rafaella Carvalho da Silva –  CEUB – Departamento de Fisioterapia
  • Fernanda Nelli Gomes Giuliani –  CEUB – Departamento de Fisioterapia

RESUMO:

INTRODUÇÃO: A Doença de Parkinson, embora não seja exclusiva, é uma condição de saúde muito associada ao processo de envelhecimento. Sendo caracterizada por uma alteração na via dopaminérgica central da substância negra, apresenta o tremor em repouso, rigidez, bradicinesia e a instabilidade postural como sinais cardinais, além de outros sintomas como depressão, apatia e ansiedade que podem surgir de forma secundária. Esta condição gera impactos significativos na qualidade de vida, sendo necessário estabelecer planos de ação integrais com o objetivo de atender as necessidades biopsicossociais de cada caso. No contexto do cenário atual, o trabalho em equipe e o cuidado centrado no paciente têm ganhado força à medida que o conceito de saúde se amplia, surgindo a multidisciplinaridade, que consiste na atuação independente de cada profissional, e a interdisciplinaridade, que compreende na articulação e interação destes para uma troca e tomada de decisões mais assertivas em prol do bem-estar geral do paciente. Contudo, a implementação destes ainda é um desafio, visto que o modelo biomédico ainda permanece em maior evidência, sendo um avanço que requer profunda mudança cultural, não só entre os profissionais da saúde, mas também, entre os usuários do sistema. 

OBJETIVO: O intuito do presente estudo consiste em levantar dados da literatura atual sobre os modelos de atenção interdisciplinar e multidisciplinar disponíveis para pessoas com Parkinson, além de relacioná-los com o que é ofertado no atual sistema de saúde brasileiro, expondo suas barreiras e facilitadores. 

MÉTODO: Trata-se de uma Revisão Narrativa da Literatura cuja consulta de artigos científicos foi realizada no mês de março de 2024, nas bases de dados PubMed (US National Library of Medicine), SciELO (Scientific Electronic Library Online) e Periódicos CAPES. Foram utilizados os descritores “Doença de Parkinson” e “Interdisciplinar ou Multidisciplinar”, tanto em português quanto em inglês. Foram incluídos artigos e documentos no idioma português e inglês, publicados nos últimos 10 anos, que abordaram o acompanhamento do paciente com Doença de Parkinson no modelo interdisciplinar ou multidisciplinar. Os critérios de exclusão foram estudos que não estavam alinhados com os objetivos pré-estabelicidos, além de resumos e artigos não publicados ou não disponíveis na íntegra. 

RESULTADOS/DISCUSSÃO: Utilizando os descritores citados, a seleção dos artigos foi realizada por meio de quatro etapas descritas no fluxograma 1. Após este processo de filtragem, foram selecionados 11 artigos que foram alocados e discutidos em cinco subtemas, apresentados na tabela 1, com o intuito de ampliar a perspectiva de profissionais, cuidadores e pacientes com Parkinson acerca da complexidade desta narrativa. Ao analisar e interligar os artigos, destaca-se que, para uma abordagem à Doença de Parkinson se mostrar benéfica, é necessário manter um olhar individualizado, levando em consideração os fatores biopsicossociais, o grau de evolução da doença, os objetivos do tratamento, o tempo de intervenção, os profissionais que irão compor a equipe, o local de atendimento e principalmente a adesão do paciente, pois este é o grande protagonista desta rede de cuidado. No Brasil, o Sistema Único de Saúde, tem como um dos princípios doutrinários a integralidade, verificada na Lei 8.080, que resgata o conceito da interdisciplinaridade aplicada nos vários níveis de complexidade dos serviços ofertados. Além disso, o Ministério da Saúde publicou em 2023 uma portaria que incentiva modalidades de equipes multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde (APS) com o objetivo de facilitar o acesso da população aos cuidados em saúde e integrar práticas de assistência, prevenção, promoção e recuperação em saúde. Contudo, apesar de estar implementado nas leis brasileiras e os estudos estrangeiros apontarem ótimos norteadores para a organização destes modelos de atenção, ainda possuem baixa compatibilidade com o real sistema de saúde brasileiro, visto que a demanda excessiva de trabalho, estrutura física inadequada e o conflito de interesses são as principais limitações vividas por profissionais da saúde no Brasil. 

CONCLUSÃO: Pode-se concluir que o cuidado interdisciplinar e multidisciplinar no tratamento da pessoa com Doença de Parkinson é significativamente benéfico ao indivíduo, visto que é um modelo de cuidado que engloba o paciente como um todo e o contexto biopsicossocial em que está inserido, qualificando o tratamento e promovendo maior qualidade de vida. Ainda faz-se necessário realizar novos estudos que explorem esta temática voltadas para o cenário brasileiro e sua aplicabilidade para pessoas com Doença de Parkinson, visando problematizar e levantar discussões futuras, pois as diretrizes presentes na legislação do SUS são bem estruturadas na teoria, porém, ainda representam um desafio a ser superado quando aplicadas na prática. 

DESCRITORES: Doença de Parkinson; Interdisciplinaridade; Multidisciplinaridade; Integralidade.



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