Nos últimos anos, o avanço na qualidade de vida das pessoas com Síndrome de Down tem permitido que elas vivam mais e melhor. Se antes a expectativa de vida era em torno de 30 anos, hoje muitas pessoas com a condição chegam aos 60 anos ou mais. Esse cenário traz à tona a necessidade de discutir o processo de envelhecimento da população com Síndrome de Down, garantindo acesso a cuidados adequados e qualidade de vida ao longo dos anos.
Graças a avanços na medicina, cuidados médicos preventivos e inclusão social, a longevidade das pessoas com Síndrome de Down tem aumentado consideravelmente. No entanto, o envelhecimento dessa população traz desafios específicos que precisam ser considerados.
Entre os principais desafios estão:
- Maior incidência de doenças neurodegenerativas: A Doença de Alzheimer, por exemplo, tende a se manifestar mais cedo em pessoas com Síndrome de Down, muitas vezes já a partir dos 40 anos.
- Problemas de saúde crônicos: Condições como obesidade, diabetes, apneia do sono e doenças cardíacas são mais comuns e requerem acompanhamento médico contínuo.
- Mudanças cognitivas e emocionais: Além do risco de demência, muitas pessoas podem apresentar alterações de humor, depressão e ansiedade com o avanço da idade.
- Falta de serviços especializados: Muitos sistemas de saúde ainda não estão preparados para atender as demandas específicas dessa população idosa, o que pode dificultar o acesso a tratamentos e terapias adequadas.
O suporte familiar é fundamental no processo de envelhecimento das pessoas com Síndrome de Down. No entanto, à medida que os pais envelhecem ou falecem, muitos indivíduos podem se encontrar em situação de vulnerabilidade. Por isso, é essencial que existam políticas públicas e programas de apoio que garantam a autonomia e o bem-estar dessas pessoas.
A inclusão em atividades sociais, programas de reabilitação, suporte psicológico e planejamento para o futuro são estratégias que podem ajudar a proporcionar um envelhecimento ativo e saudável. Além disso, a capacitação de profissionais da saúde e cuidadores para lidar com as particularidades dessa população é fundamental para um atendimento eficaz.
A família de Izabel da Silva (foto), de 68 anos, conta que nos últimos cinco anos, ela aparenta ter envelhecido mais rapidamente do que o observado em pessoas sem Síndrome de Down. Izabel já não tem mais tanta força física como antes e apresenta lapsos de memória. No entanto, a filha dela, Cristinna da Silva, ressalta que a mãe ainda cuida dos três netos quando ela precisa de apoio, faz comida, limpa a casa e ajuda o pai, que tem doença de Fahr — uma enfermidade neurodegenerativa rara.
Envelhecer com Síndrome de Down não deve ser visto apenas como um desafio, mas também como uma oportunidade para repensarmos o conceito de inclusão e acessibilidade ao longo de toda a vida. Com o avanço da ciência e o fortalecimento de redes de apoio, é possível garantir que essas pessoas vivam de forma plena, com dignidade e respeito em todas as fases da vida.
O debate sobre o envelhecimento das pessoas com Síndrome de Down precisa ser ampliado, garantindo que as políticas de saúde e assistência social atendam às necessidades dessa população em crescimento. Afinal, envelhecer é um direito de todos – e merece ser vivenciado com qualidade e inclusão.