Imagine a cena: o idoso está em tratamento em um hospital, quando alguém da equipe de saúde pergunta sobre sua música ou time preferido, se tem netinhos ou se gosta de assistir filme ou série de televisão. Hospitais pelo país têm adotado o chamado “prontuário afetivo”, que leva em conta a história do paciente – suas preferências, hobbies, relações familiares, rotinas e até mesmo a comida preferida. O ambiente acolhedor e empático fortalece o vínculo entre paciente, familiares e equipe médica, considerando a singularidade de cada indivíduo.
A humanização na atenção à saúde do idoso é um dos eixos temáticos da Conferência Livre Nacional, promovida pela Rede Geronto e que será realizada, em agosto, no âmbito da Sexta Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (6ª CONADIPI), marcada para novembro. O tratamento respeita a individualidade do idoso, promovendo o bem-estar físico, emocional e social. Esse acolhimento considera a empatia e atenção às necessidades pessoais, indo além da doença em si. Na senescência, as comorbidades e o processo natural de envelhecimento humano precisam de um olhar mais cuidadoso.
O Hospital de Base de Brasília, por exemplo, conta com uma equipe pronta para interagir e amenizar as agruras de uma internação e mesmo as dores emocionais decorrentes de uma doença. Lá, o aconchego começa à entrada da unidade hospitalar e segue por todo o atendimento – escuta, orientações, consulta e tratamento. A abordagem, que segue as diretrizes da Política Nacional de Humanização, estabelecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é terapêutico e pautado em três princípios: inseparalidade entre a atenção e a gestão dos processos de produção de saúde, transversalidade e autonomia e protagonismo dos sujeitos.
A diretora da Rede Geronto, Suzana Funghetto, ressalta os desafios dessa integração, como a formação das equipes de saúde, o poder da escuta e os recursos para implementação efetivas dos protocolos. “Hoje, a formação acadêmica é, cada vez mais, voltada à técnica, sem dar a devida atenção à questão humanista. O paciente idoso, principalmente, aquele que não se preparou para a velhice, é fragilizado e precisa desse acolhimento e de um relacionamento mais estreito e de confiança com a equipe de saúde”, afirma.
Em formato híbrido, a Conferência Livre Nacional reunirá, no dia 4 de agosto de 2025, instituições de Educação Superior, Serviços, Associações e Centros de Pesquisa e Inovação que integram a Rede para debater a longevidade, a equidade e as múltiplas velhices em perspectiva intergeracional. O evento será realizado na sede do Instituto Mariano de Estudos e Inovação, em Aracaju (SE) e transmitido pelo youtube da Rede Geronto.