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Envelhecimento: ausência do BRICS

A ausência do debate profundo e transversal de políticas públicas voltadas ao envelhecimento populacional marcou a realização da Cúpula do BRICS, que será encerrada nesta segunda-feira (07/06), no Rio de Janeiro. Em carta aberta aos presidentes das nações que integram o bloco, a Rede Geronto lamentou a perda da oportunidade ímpar para as discussões sobre transição demográfica e longevidade, uma vez que os países que integram o grupo dos países emergentes representam 48,5% da população mundial. “O fenômeno do envelhecimento provoca uma transformação silenciosa, de grande impacto nos sistemas de saúde, nos modelos de proteção social, na estrutura produtiva e nos padrões de consumo e de sustentabilidade”, ressalta o texto.

Segundo a diretora da Rede Geronto, Suzana Funghetto, fechar os olhos ao fenômeno global não esconderá os desafios prementes que exigem a implementação de políticas eficazes para a garantia de direitos sociais, promoção da autonomia e participação na sociedade. “Essa é uma reflexão que não pode ser relegada a segundo plano ou à invisibilidade. Ao enfrentar a questão do envelhecimento mundial, contextualizando cada cenário, a transição demográfica pautará nosso futuro”, pondera.

As contribuições da Rede Geronto ao debate foram pontuadas no documento, em cinco pontos cruciais, a exemplo da temática do envelhecimento populacional como eixo estratégico nos planos de ação até 2030, promovendo assim o diálogo intergeracional, a equidade digital e a valorização da maturidade como vetor de inovação social e econômica. Além do estímulo a projetos da economia prateada, a Rede Geronto ressaltou o fortalecimento da cooperação entre os países membros na formulação de políticas públicas inclusivas, com foco no cuidado continuado e na alfabetização digital.

Em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 e com a Década do Envelhecimento Saudável das Nações Unidas (2021–2030), a Rede Geronto defendeu a criação de mecanismos multilaterais de monitoramento e de financiamento a iniciativas voltadas à longevidade e ao cuidado. A carta aberta destacou ainda a promoção da cultura de respeito aos mais velhos, por meio do saber sênior, com a adoção de políticas especiais que fortaleçam novas aprendizagens voltadas a estímulos positivos à memória, prevenindo assim demências e Alzheimer.

“Pontuamos ainda o reconhecimento do papel estratégico das redes de pesquisa, da sociedade civil e da academia na formulação e implementação de soluções inovadas e sustentáveis num mundo que envelhece a passos largos e precisa responder as questões críticas que permeiam a ordem mundial. Somente assim teremos uma sociedade justa, inclusiva e verdadeiramente intergeracional”, afirmou Suzana Funghetto.

Brasil, Rússia e Índia e China fundaram o bloco em 2009. Dois anos depois, entrou a África do Sul. Recentemente foram incluídos países como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etópia, Indonésia e Irã.

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