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Academia e intergeracionalidade

Leve, cativante e propositivo, o videocast sobre o Protagonismo da pessoa idosa na IES, do II Congresso Internacional de Tecnologia e Inovação em Gerontologia (CITIG) e do III Seminário Internacional de Inovação e Longevidade, que ocorre em São Paulo, trouxe toda sensibilidade dos convidados Margo Karnikowski, da Universidade do Envelhecer (UniSER); do Diretor da Faculdade de Ciência e Tecnologia, da Universidade de Brasília, João Paulo Chieregato Matheus e do engenheiro mecânico, Thiago Fragelli. O evento integrado e em formato híbrido é uma iniciativa da Universidade do Envelhecer (UniSER), em parceria com a Rede Geronto e outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil, Itália, Chile e México.

À mesa do bate-papo, as inovações tecnológicas, dores e sabores do envelhecimento e o caminho da intergeracionalidade no meio acadêmico. Para Thiago Fragelli, a educação é um fator-chave de sucesso para qualquer nação que pretenda evoluir e, portanto, a academia deve se preparar para acolher o aluno de maior experiência e aquele que está começando essa caminhada. Segundo ele, a vida é como um seriado, repleto de temporadas e como todo bom seriado, é preciso fazer a temporada valer a pena. “Esse momento da vida, marcado pelo amadurecimento, experiência e uma série de resultados vividos, pode ser usufruído no ambiente acadêmico. Lá, recarregamos nossa bateria, com esses jovens que pensam, tem uma lógica diferente, nasceram e cresceram com a dopamina instantânea do Tik Tok e, ao mesmo tempo, mostramos a eles, a calma e o “devagar se chega ao longe”. É uma troca de experiência enriquecedora, que faz valer a pena ver o seriado até o final”, afirma.

Já Chieregato Matheus lembrou que a entrada dos idosos no meio acadêmico se materalizou com a Universidade de Brasil, que deu vez à intergeracionalidade, com o edital 60+, inspirado na Unicef, e que abriu o processo seletivo ao idoso. “Graças ao UniSER e UnB essa construção e visibilidade foram possíveis. Hoje, nos cursos de graduação e de extensão, os alunos 60+ vivem situações que se assemelham às histórias dos jovens de hoje. Devemos nos atentar a toda experiência da UniSer e da UnB para avançar mais e tornar a universidade inclusiva e viável a todos. As coisas não são perfeitas, mas estamos construindo, retirando as pedrinhas que atrapalham”, comemora.

Margot Karnikowski exemplificou a trajetória da academia inclusiva ao idoso, com a história do caminhão carregado de abóboras e que, ao começar a trafegar, a carroceria é sacudida e os legumes se ajeitam no espaço. “Só não sei se somos o caminhão ou as abóboras, batendo umas contra outras. Vejo muito disso, mas não dá para parar esse processo inovador e estamos conseguindo mesmo sem as condições ideais”, reitera.

Segundo ela, é preciso compreender as especificidades das diferentes fases da vida, uma vez que a velhice traz em seu bojo uma série de limitações biológicas inegáveis, mas que também oferece inúmeras possibilidades. “Se você tiver algumas rugas ou sinais de expressão, já está velho. É como se a gente não tivesse valor e isso não é real. As pessoas estão vivendo o seu tempo, já que estão vivas e têm oportunidade de aprendizagem. Eu sempre digo que o ser humano é capaz de aprender até o último suspiro”, afirmou.

Ainda segundo Margo, outro desafio que grita é entender que o ensino superior foi, orginalmente, feito para os jovens. “Então, vieram os idosos, que chegaram em sua maioria sem conhecimento digital e, assim, se sentem perdidos diante da estrutura tecnológica voltada à juventude, deixando-os desmotivados. Há também falta de preparo do professor para lidar com essa situação. Não é apenas uma questão de ingressar, mas permanecer e ser acolhido”, ressalta.

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