Assistindo a um seminário da Encore, organização que apoia iniciativas que estimulem o convívio entre gerações, descobri o trabalho da OMA (Opening minds through art), entidade criada pela artista, educadora e gerontóloga Elizabeth Lokon. Em 2008, ao visitar uma instituição quando ainda fazia sua formação em gerontologia, conheceu Cora, uma idosa que mudou sua vida. Octogenária e num estado avançado de demência, não era mais capaz de andar, falar ou se alimentar sozinha, mas se expressava com seus pinceis, misturando cores e criando pequenas obras de arte.
![Estudante e idosa numa sessão de OMA: Opening minds through art — Foto: Divulgação](https://s2.glbimg.com/ns5R8MxgtrNKJ7nQzyoyGLBebHk=/0x0:2048x1638/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/B/y/MMfCzvTPWOqUNsdOEBNQ/oma2.jpg)
Estudante e idosa numa sessão de OMA: Opening minds through art — Foto: Divulgação
Encantada com as pinturas, a então estudante sempre conversava com a idosa, mesmo que não houvesse resposta. No entanto, um dia Cora levou a mão aos cabelos de Elizabeth, os acariciou e disse: “querida”. “Foi a primeira vez que ela falou em anos, a equipe ficou atônita. Cora me deu um grande presente: saiu do seu silêncio para declarar sua amizade por mim”, conta a educadora, acrescentando que quis estender a outros a oportunidade de ter experiência semelhante.
![Obra de idoso com demência — Foto: Divulgação](https://s2.glbimg.com/a2Yy6c7AAH0o1klFuuA5aAjOWps=/0x0:1619x1224/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/C/w/yVEW5OSi65RQnZOoffMQ/oma3.jpg)
Obra de idoso com demência — Foto: Divulgação
Foi assim que surgiu OMA, programa que alia arte e convívio intergeracional. Estudantes, enfermeiros e cuidadores recebem treinamento para estimular pacientes com demência a se manifestar artisticamente. Em vez de tentar resgatar habilidades comprometidas, como memória e foco, o objetivo é liberar a imaginação. “Os dois lados saem ganhando e reunimos evidências disso. Os idosos se mostram mais interessados nessa atividade do que em outras, e 94% dos estudantes que passaram pelo treinamento passaram a demonstrar maior empatia em relação à velhice. Quanto mais as pessoas testemunharem a capacidade criativa de idosos vivendo com demência, mais poderão apreciar a humanidade de todos”, afirma Elizabeth.
![Trabalho realizado por idoso com demência — Foto: Divulgação](https://s2.glbimg.com/GPgRDkX0hO6fh54cjoZqd8G4pvI=/0x0:1140x838/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/j/n/bAnGBaRCiXdK9d6IJeCw/oma4.jpg)
Trabalho realizado por idoso com demência — Foto: Divulgação
O programa já foi implantado em 200 centros de convivência e instituições nos Estados Unidos e no Canadá. Seu quartel-general funciona no centro de gerontologia da Universidade de Miami, mas as restrições impostas pela pandemia levaram Elizabeth a novos desafios: depois de criar uma versão virtual para não interromper as atividades, agora se dedica a um aplicativo que amplie o alcance das sessões de arte e integrem mais pessoas de diferentes gerações. Para quem quiser se inspirar – e até criar algo semelhante – basta assistir aos vídeos disponíveis no site.
FONTE: G1 Bem Estar